segunda-feira, 24 de novembro de 2014

A maternidade como opção.

Toda a evolução tecnológica ainda não deu conta de encontrar outra forma de trazer bebês ao mundo, a não ser pelo gestar e parir, tarefas compativeis, ao menos por enquanto, exclusivamente ao corpo feminino. Assim, durante muito tempo, o ser mulher confundiu-se com o ser mãe.
Ainda vivemos em busca da igualdade de direitos entre os sexos, e apesar das grandes lutas femininas, ainda temos várias questões pendentes nesse mundo dividido entre o que é papel de homem e o que é papel de mulher.
O modelo "tradicional" de familia trazia esses papéis bem delimitados, porém as lutas feministas trataram de desconstruir muitos desses papéis e nos trouxeram alguns dilemas, um deles, ainda atualíssimo é a escolha (ou não) pela maternidade.
Ser mãe é um ato permeado de significados considerados naturais, mas que encharcam de culpa aquelas que não se percebem assumindo esse papel. Muitas idéias equivocadas surgem dessa concepção de que a maternidade é o papel natural da mulher. Uma delas é o tal instinto materno, que leva muitas mulheres a crer que saberão exatamente o que fazer quando tiverem seu filho nos braços. Saberíamos se vivessemos como nossas tetravós, mas em um mundo onde a tecnologia dominou o mais simples movimento humano, o tal instinto não se manifesta, ou não ajuda muita coisa.
O fato é que começamos a aprender a sermos mães muito antes de termos tomado uma decisão consciente sobre a maternidade. Sempre que vejo uma menininha com seus dois ou três anos de idade, carregando uma boneca bebê, muitas vezes maior do que ela própria, esse assunto vem a minha mente.
A maternidade, a meu ver é uma construção. Passa por escolhas, mesmo que inconscientes. Passa pelo desejo de afirmação de identidade, que no caso da grande parte das mulheres que conheço, essa afirmação só aconteceu no exercício de ser mãe.
Gestar, parir, nutrir, cuidar, são atos de doação, que embora necessitem de aporte biológico, dependem e muito do suporte social que a mulher recebe para que possa exercê-los.
Perdemos muito do nosso instinto. As dúvidas? Ah! As dúvidas são terríveis, angustiantes, somos dominadas pela culpa de nossas próprias escolhas, e a onipotência materna nos leva a querer dominar o mundo a nossa volta apenas para deixá-lo seguro para nossas crias.
Ledo engano. Não temos controle sobre o outro bebê que vai morder nosso filho na creche, ou sobre o coleguinha que cometerá bullying contra nosso filho porque também cresce em um ambiente cheio de violência. Não temos controle sobre como nosso filho vai perceber nossa atitude de amor e proteção, (será que ele não se sentirá sufocado?) nem temos controle sobre quem dará o primeiro beijo.
O que fazer quando seu filho acorda com 40 graus de febre no dia em que você tem uma reunião importantíssima com o presidente da empresa em que você trabalha?
Insisto mais e mais: a maternidade deve sim tornar-se uma escolha consciente, e quando digo isso não pretendo dizer que é uma escolha fácil. Envolve afetos, sonhos, desejos, outra(s)vidas(s).
E pra você, como foi ou está sendo a decisão de ser mãe?


Sugestão de filme: Não sei como ela consegue, com a Sarah Jessica Parker.

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